Não há uma única fórmula para uma startup ou empresa alcançar o sucesso, mas as probabilidades aumentam quando a organização oferece um produto ou serviço inovador, que responde a uma lacuna no mercado, e tem investimento via VC para ajudar com as despesas. Esta é a fórmula para ultrapassar o chamado “vale da morte”, o período crítico da vida de uma empresa quando há gastos e ainda não há receitas.
Embora os critérios das empresas de Venture Capital (VC) variem, existem elementos chave em comum na hora de escolher projetos para apoiar:
Dimensão do mercado
Os investidores analisam o tamanho e o potencial do mercado em que a startup quer atuar. Uma Venture Capital procura setores em crescimento que permitam gerar unicórnios (startups que atingem uma valorização de, pelo menos, mil milhões de euros).
Como tal, demonstrar que uma empresa dirige-se a um mercado substancial é importante para atrair a atenção de uma Venture Capital. Os planos de negócio devem citar dados de analistas de mercado e testemunhos de potenciais clientes.
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Segundo dados de 2023 da revista Business Insider, as áreas mais promissoras incluem a inteligência artificial, alimentação saudável, sustentabilidade, comércio online e saúde mental.
Equipa líder
Os profissionais de uma startup, particularmente os fundadores, são um fator crucial para os investidores que procuram equipas bem habilitadas, com capacidades de executar o modelo de negócio proposto. Além de investir num produto ou serviço, os investidores de capital de risco estão a investir em pessoas.
Uma empresa à procura de investidores via Venture Capital deve incluir uma equipa de gestão com competências de liderança e experiência no produto ou serviço que vão desenvolver. Caso esta equipa não exista, as startups devem considerar contratar profissionais de fora.
É normal as empresas de Venture Capital recorrerem a testes de personalidade e psicólogos para avaliar os fundadores que apoiam. A sociedade de capital de risco (SCR) Northzone diz que procura líderes com seis características chave:
- Motivação intrínseca (que não está associada a fatores externos);
- Abertura para o autodesenvolvimento e a mudança;
- Capacidade de atrair talento;
- Autoconfiança;
- Noção das qualidades;
- Capacidade de delegação;
Produto ou serviço
Além da equipa de gestão, uma SCR procura empresas que ofereçam uma solução para um problema real e premente que ainda não tenha sido resolvido por outras empresas no mercado.
A ideia é assegurar que as empresas apoiadas consigam conquistar uma parcela significativa do mercado antes que outros competidores, com produtos ou serviços semelhantes, entrem na área.
Risco associado
Ao identificar uma empresa interessante, a SCR conduz sempre uma análise aprofundada, conhecida como “due diligence” (verificação prévia, em português). É nesta fase que uma Venture Capital avalia o risco dos projetos que podem vir a apoiar. Alguns fatores a considerar:
- Propriedade intelectual: os investidores analisam se a startup possui proteção adequada para a sua propriedade intelectual (por exemplo, patentes);
- Contratos existentes: Os investidores revêm os acordos e contratos existentes para identificar riscos, como cláusulas desfavoráveis;
- Conformidade regulatória: Dependendo do setor em que a startup opera, podem existir requisitos regulatórios específicos. Os investidores avaliam se a empresa está em conformidade com essas regulamentações e se possui uma compreensão clara dos riscos e obrigações associadas ao seu negócio;
- Litígios pendentes: Os investidores investigam se a startup está envolvida em litígios, sejam eles disputas com clientes, fornecedores ou ex-funcionários.
Estrutura acionária (cap table) “limpa”
As Sociedades de Capital de Risco tendem a preferir investir em projetos que têm um número claro de investidores. Isso significa que uma SCR vai querer ver a tabela de capitalização (capitalization table ou cap table em inglês). Isto é uma tabela com o nome dos acionistas que investem numa startup, as quantias que investem e a percentagem de controlo que exercem na empresa.
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Uma cap table confusa é sinal de alarme. Ter um grande número de pequenos investidores, especialmente amigos e familiares, representa um desafio porque aumenta o risco de conflitos no futuro.
“Provas” de sucesso
É mais fácil convencer alguém a investir num projeto se existem dados concretos sobre o sucesso do projeto. Numa fase inicial, isto pode ser o resultado de um estudo de mercado. Ter dados sobre o interesse que há em torno de um novo produto ou serviço, aumenta a confiança dos investidores.
Os investidores também vão querer avaliar métricas sobre o desempenho da empresa. Isto inclui a receita e a evolução do número de utilizadores.
Identidade online
Antes ou depois de ouvir um pitch, quem investe em startups deve pesquisar um pouco sobre os projetos que foram apresentados. Por isso, é importante ter uma forte marca online associada à startup. Isto pode ser feito ao estar presente em várias redes sociais.
Gastos razoáveis
É provável que uma Sociedade de Capital de Risco analise a forma como a startup usa o dinheiro que recebe de investidores. A taxa de consumo bruta de uma startup é o valor dos custos operacionais incorridos, como despesas as despesas mensais
Retorno do investimento
Por muito boa que uma startup seja, os investidores de Venture Capital procuram retornos significativos sobre seus investimentos. Por isso, na altura de escolher projetos, as Venture Capital também analisam o potencial de saída do investimento. Isto pode ser feito quando a startup é comprada por outra empresa ou na altura da oferta pública inicial (Initial Public Offering – IPO, em inglês). Este é o processo pelo qual uma empresa de capital fechado disponibiliza as suas ações a investidores públicos pela primeira vez através da bolsa de valores.
Sobre a Lince Capital
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